Viemos relatar atos de violência explícita e desnecessária às entradas de acesso de pedestres da Faculdade de Educação (FE-Unicamp) e encaminhamos o sentimento de rejeitar nesta moção a truculência com a qual a polícia militar desferiu golpes desnecessários contra um jovem negro envolvido em uma perseguição policial que terminou dentro dos limites do campus da universidade da quinta-feira, 23 de março de 2017. Após esse mesmo jovem ser imobilizado e algemado recebeu golpes dispensáveis ao entendimento humano, racional e pedagógico.
Simbolicamente, encaminhamos esta moção para rejeitar a afirmação da violência como prática social dos poderes públicos perante as milhões de pessoas excluídas, pessoas que vivem à margem das ineficiências das políticas públicas e são sistematicamente oprimidas pelo Estado brasileiro. Lamentamos que parcela significativa das juventudes seja cooptada pelas práticas criminosas e sofram com essa reação mais enérgica das forças e repressão e, por isso mesmo, defendemos métodos justificadamente humanos e sócio-educativos.
Atravessamos momentos históricos adversos no país e na universidade, em face do rico e recente processo étnico-racial em vigor dos programas de cotas e no país com a retrógrada reforma do ensino médio, o que vem a dar contexto social a uma crítica estrutural ao Estado brasileiro e às falências das políticas públicas quando nos deparamos com a crescente violência institucional concentrada nas forças de segurança pública para reprimir as parcelas mais pobres e excluídas da população.
O ocorrido deu-se em horário de grande circulação da estudantada do período noturno dessa faculdade e entendemos a necessidade de responder duplamente aos fatos, em corresponder com advertência à presença da polícia militar nos limites dos campi e em rejeitar os excessos anti-pedagógicos e desumanos cometidos dentro dos muros da universidade. Condenamos o sucateamento das instituições públicas de prestação de serviços básicos à sociedade civil e acreditamos que esse sentimento de protesto conduz ao apelo para a extinção de um modelo político corrupto, militar opressor e truculento das polícias brasileiras, colocando em xeque a sobrevivência da população trabalhadora nas duas extremidades do conflito (sem a farda e com a farda), reforçando, aqui, que os direitos humanos também protegem a dignidade de trabalhadores explorados por esses instituições; por isso e por tanto mais apontamos a reformulação da finalidade social do sistema de segurança pública em vigência no país. Pelo fim do modelo militar policial. Náo se trata apenas de um episódio em separado e isolado da realidade social da cidade de Campinas, do estado paulista e do país.
Visamos com essa moção imprimir um significado cultural de prestação de serviço da universidade e das funções profissionais e voluntárias associadas ao sentido educacional, do conhecimento para o pleno desenvolvimento humano da sociedade, das ciências e pela resolução racional de conflitos em um mundo onde sejamos socialmente iguais e humanamente diferentes e totalmente livres das desigualdades sociais.